A Petrobras informou por meio de nota ao ExpressãoMS que não há nenhuma negociação sobre a venda da UFN-3 (Unidade de Fertilizantes Nitrogenados) de Três Lagoas para a empresa chinesa Sinopec Petroleum. A empresa deixa claro que não possui interesse no ramo de fertilizantes, mas reforçou que não há, até o momento, nenhum acordo sobre a venda do complexo industrial.
A Sinopec, junto com a Galvão Engenharia, comandavam as obras até o final de 2014, quando desistiram de concluir a fábrica. Desde então, fornecedores e funcionários ficaram sem receber mais de R$ 30 milhões, que passaram a ser cobrados na justiça.
Na semana passada, o prefeito Angelo Guerreiro (PSDB) afirmou com exclusividade ao ExpressãoMS que a Petrobras deve abrir mão definitivamente da UFN-3. Ele participou de uma reunião na sede da empresa em Brasília, acompanhado do senador Pedro Chaves (PSC) e do presidente da Petrobras, Pedro Parente. “Ficou muito claro que eles não querem, nem tem condições financeiras de terminar a UFN-3. O presidente da Petrobras quer que a fábrica seja vendida o mais rápido possível”, disse Guerreiro por telefone à reportagem.
O senador Pedro Chaves passou a cobrar enfaticamente a presidência da empresa sobre a retomada das obras, desde o início deste ano. No encontro, o ministro Bruno Dantas, responsável no Tribunal de Contas da União (TCU) pela análise do processo de construção da fábrica, disse que deverá devolver o processo ao Pleno do TCU com algumas exigências, a serem sanadas para a retomada das obras.
A assessoria de imprensa do parlamentar informou que a Petrobras pretende reformular o consórcio executor das obras para retomar, o mais rápido possível, a construção da fábrica. “A ideia é concluir a obra e colocá-la à venda para algum grupo nacional ou internacional com tradição no ramo de fertilizantes. Não é possível que um projeto como esse, onde já foram investidos R$ 3,2 bilhões, permaneça parado, se deteriorando com o tempo. Isso é injusto com Três Lagoas, com Mato Grosso do Sul e o Brasil”, informou a nota.
Fábrica
A construção da fábrica da Petrobras foi paralisada no final de 2014, com mais de 80% das obras prontas. A UFN-3 foi concebida para ser a maior produtora de fertilizantes do Brasil e já recebeu mais de R$ 3 bilhões em investimentos. Hoje, os mais de cinco mil trabalhadores que movimentaram a economia de Três Lagoas na época do auge da construção estão reduzidos a uma pequena equipe de manutenção e seguranças terceirizados.
Quando concluída, a fábrica terá capacidade de produzir 1,2 milhão de toneladas de ureia e 70 mil toneladas de amônia anuais. A unidade atenderá, preferencialmente, os mercados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Paraná. Até então, a obra iniciada em fevereiro de 2013, foi marcada por protestos de funcionários que alegavam o não pagamento de salários.
A inauguração prevista para setembro de 2014 ficou para trás, sem remarcações. Em 10 de dezembro daquele mesmo ano, a Petrobras rescindiu contrato com o Consórcio formado pelas empresas Galvão Engenharia e a Sinopec Petroleum, alegando descumprimento de cláusulas.
Em julho do ano passado, em uma reunião com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Pedro Parente garantiu que a fábrica seria retomada e que, para isso, são necessários cerca de R$ 700 milhões.
Fonte: Expressão MS ,20 de Fevereiro de 2017
