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Milteforan: medicamento realmente cura o animal com leishmaniose?

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Desde agosto do ano passado a comercialização do Milteforan – medicamento usado no tratamento de cães com leishmaniose – foi liberada no Brasil, graças a estudos e pesquisas que comprovaram o efeito de cura que a medicação possui. No entanto, muitas pessoas ainda têm dúvidas sobre a eficácia do produto em relação a cura do animal infectado. O ExpressãoMS, conversou com o pesquisador responsável pelo estudo de eficácia da Miltefosina no Brasil, o Médico Veterinário e sócio fundador da Brasileish, Fábio dos Santos Nogueira, para esclarecer dúvidas frequentes sobre o assunto.

A leishmaniose humana e canina é uma doença que apresenta tratamento, mas é de difícil cura. “Quando falamos de cura, quero dizer cura parasitológica estéril, o que é raro nesta enfermidade”, explicou o doutor. O país passa por um aumento significativo e progressivo do número de casos humanos e caninos de leishmaniose visceral, gerando grande preocupação nos agentes de saúde pública, médicos e veterinários no país. Em Três Lagoas, nos últimos três anos foram constatados aumento de 71% nos casos de leishmaniose visceral em humanos. Em 2014 foram sete casos; 2015 positivos deram nove; e em 2016, 12 pessoas foram diagnosticadas com a doença.

Depois de anos de estudo e pesquisas – que foram realizadas em Andradina (SP) – eles conseguiram comprovar que o animal tratado não continua transmitindo a doença. Essa dúvida afinal é um antigo tabu da sociedade, que ainda tem preconceito em adotar ou cuidar de animais que tenham a doença. “O tutor deve procurar o tratamento sabendo que vai lhe exigir responsabilidade, acompanhamento clínico, custos e que visa um tratamento individual e não como medida de saúde pública. Com a liberação de uma droga específica para o tratamento canino, o veterinário sai da clandestinidade e se for realizado de forma correta terá uma excelente possibilidade de tratamento do animal”.

O tratamento

O tratamento promove melhora clínica, redução da carga parasitária, recuperação imunológica e redução ou bloqueio da transmissão da doença. O Milteforan mata o parasito, ou seja, tem efeito leishmanicida. Sua administração deve ser feita durante 28 dias ininterruptos, por via oral, associado com Allopurinol e outros imunomoduladores. O animal sempre irá precisar de acompanhamento veterinário.

A doença é causada por um protozoário digenético – parasitas que só completam seu ciclo evolutivo se passarem pelo menos dois hospedeiros – o vetor (conhecido como flebotomíneo), ou mosquito palha, abriga a forma promastigota, e precisa de um vertebrado que funcione como um reservatório da doença. Esse reservatório pode ser em cães, gatos, gambás e no homem. “Esta é a principal e mais importante forma de transmissão. Se não tivermos estes dois atores, não teremos a doença. Não adianta eliminar o cão e deixar os mosquitos, que utilizarão outros reservatórios para manter a enfermidade. A leishmaniose é uma doença que depois que chega à cidade, é preciso aprender a conviver com ela. Descobrir no município quais são os fatores que favoreceram a multiplicação e adaptação do inseto é primordial e deve ser o papel do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ)”.

O especialista ainda explicou que o medo que as pessoas sentem em ter um animal em tratamento dentro de casa é totalmente desnecessário, já que não é uma doença contagiosa, e apenas os flebotomíneos infectam as pessoas, que já tem algum potencial de infecção. “Infelizmente a doença é negligenciada e muitos profissionais da área médica (médicos, veterinários, biólogos) a desconhecem. Há um pré-conceito muito grande e ainda são usadas medias que eram adotadas em 1963. Hoje a medicina evoluiu e temos ferramentas de diagnóstico que nos permite identificar se um animal está infectado, se está doente, e se está transmitindo (potencial de infectividade). As pessoas ainda morrem ou por falta de diagnóstico do médico ou pelo potencial nefro e cardiotóxico das medicações que são utilizadas para o tratamento”, explicou.

Expectativa de vida do animal

A expectativa de vida de um animal vai depender da resposta perante o tratamento. O animal terá uma vida normal, no entanto deve ser acompanhado por um profissional qualificado com exames a cada quatro ou seis meses, além de usar coleiras e repelentes que impeçam uma nova reinfecção. O tratamento não o torna imune. Em áreas endêmicas a prevenção em animais tratados é essencial.

Nogueira explicou que o tratamento é individual e não será adotado como medida de saúde pública, por isso, o governo não utilizará para combater endemias. O medicamento é uma droga controlada, vendida apenas para médicos veterinários. Existe um número de série que o proprietário do animal utiliza para se cadastrar em uma ferramenta chamada Club Pet Virbac. Através desse clube, é possível obter benefícios e descontos, além de lembretes de quando procurar o médico veterinário novamente. No entanto, o doutor explicou que somente os produtos vendidos no Brasil apresentam este número de série. O fármaco começou a ser vendido em janeiro no país.

A membra da associação Protetoras TrêsLagoas, Emiliane Souza, já perdeu as contas de quantos animais contaminados com a doença já resgatou. Ela contou que há sete anos cuida de Fred, um de seus vários animais de estimação. “Resgatei o Fred das ruas com sete meses de vida, já com leishmaniose. Na época não tínhamos acesso ao Milteforan, só se entrasse ilegalmente no Brasil, mas existem remédios que auxiliam no tratamento do animal e o permite uma vida normal. Só não conseguimos recuperar animais em estado avançado, quando a doença já afetou o fígado e os rins”.

Emiliane realiza exames de seis em seis meses, e administra corretamente o único remédio que Fred toma, Allopurinol. Segundo ela, o pet nunca apresentou recaídas e vive muito bem.

Fonte Expressão MS , 20 de Fevereiro de 2017

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